Monsanto e a patente de sequência genética dos porcos

Como principal tópico da discussão acerca dos limites do direito à propriedade intelectual e no caso, especificamente, da concessão ou não de patentes genéticas, citaremos o documentário “ Patent For A Pig “, que relata e se opõe a uma tentativa da empresa Monsanto em patentear certa sequencia genética decifrada de uma determinada linhagem de porcos.
. O documentário apresenta duras críticas à empresa, dentre elas, as principais se resumem à tentativa de se apropriar e monopolizar a suinocultura mundial; a exploração dos produtores rurais por meio das exigências e características para o fornecimento de suas sementes geneticamente modificadas; a manipulação de pesquisas e resultados para que a introdução de alimentos geneticamente modificados fosse aprovada.
Dentre as críticas mais intensas estão as que são diretamente ligadas à propriedade intelectual e às questões éticas das patentes. Este fato se dá porque esta patente dos genes estaria ligada à apropriação de algo considerado natural, que não fora desenvolvido pela empresa, diferentemente da patente das sementes, que foram estudadas e a partir daí alteradas para conferir melhores características a determinada linhagem. A patente do porco possibilitaria que a Monsanto proibisse ou cobrasse pela criação e reprodução dos porcos que possuíssem os traços genéticos em questão. Vale ressaltar que os porcos não foram geneticamente modificados, até mesmo porque uma patente desse tipo dificilmente seria concedida, eles foram apenas “decodificados”.
É possível identificar que o documentário possui um posicionamento muito forte e tendencioso contra a Monsanto de uma forma geral. Para que pudéssemos analisar melhor questão seria fundamental obter um posicionamento da empresa acerca das acusações, porém em nota oficial a Monsanto se limitou a informar que havia vendido a empresa responsável pela solicitação da patente, que não possuía mais participação no mercado da suinocultura e fez uma breve defesa dizendo que ocorreu a solicitação de uma patente de um gene específico marcador de determinada característica dos suínos, e não da característica em si.

O principal fator em questão é até onde devem ir os direitos dos cientistas ou das empresas acerca da propriedade intelectual, sendo então o fazer cientifico aqui questionado não só por estar fortemente ligado aos interesses comerciais, mas por não trazer beneficio à sociedade a quem se destina e restringir a utilização de técnicas, no caso a suinocultura, já muito antes existentes. Poderiam genes, herança genética natural, estarem sujeitos à patentes?